A minha história de amamentação ~Semana Internacional do Aleitamento Materno 2021

A minha história de amamentação, como tudo o que diz respeito á nossa vida sexual, reprodutiva e de alimentação, não começou quando puz o meu primeiro bebé à mama. Começou na forma como fui gerada, gestada, parida e alimentada. Fui amamentada durante quinze dias. E fui um bebé de berçário.

No hospital, no Brasil de 1979, levavam-me à minha mãe de 3 em 3 horas para mamar mas enquanto não estava na hora, como os recém nascidos gritavam de fome (e, tenho a certeza, de necessidade de aconchego), as auxiliares davam um biberon de água com açúcar para os entreter até lá. Vim do hospital com sapinhos, muito chorosa, a amamentação não correu bem e o pediatra sugeriu logo dar biberon para eu aumentar rápido de peso, pois era “muito magrinha”.

Esta do “és muito magrinha” foi uma constante na minha vida. Como se algo faltasse a minha constituição, como se de alguma forma e sem que eu tivesse controle sobre isso, o meu corpo não estivesse à altura de algo misterioso, que sinceramente nunca percebi o que era. Quando engravidei e tive os meus bebés, voltaram a comentar por todo o lado “és muito magrinha, vamos lá ver se consegues amamentar. Nem te consigo imaginar grávida.”

Pois eu fui a mãe “magrinha” que teve bebés grandes e redondos (Foi parto natural, como assim, com essas ancas tão “magrinhas?”) e que cá fora ainda ficam maiores de muita, muita maminha. Em exclusivo. Até eles quererem.

Amamentar para mim sempre foi tranquilo. Natural, prazeroso, aconchegante. Deixar os bebés adormecer à mama e ali ficar horas a fio, coladinha a eles, desligada do Mundo lá fora, sempre tão apressado.

É incrível como as histórias que tecem sobre a nossa aparência e capacidades do nosso corpo começam desde mais tenra idade. Felizmente, os meus bebés vieram ensinar-me que o nosso corpo de mulher funciona, e todas as maminhas são boas para amamentar.

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